5 de dezembro de 2024
Postado por: Alexandre
Estudo apresentado pelo Instituto Nacional do Câncer – INCA em 2023, eram esperados 704 mil novos casos de câncer no Brasil para cada ano do triênio 2023-2025, com destaque para as regiões Sudeste e no Sul, que concentram cerca de 70% da incidência
Aos 72 anos de idade, a aposentada Irene Pereira não abre mão das pedaladas diárias ao ar livre, mas nos últimos anos ela reforça os cuidados com a pele, tudo por conta de melanomas que já apareceram ao longo dos anos e que foi necessária a remoção. “Sei que tudo aconteceu pela exposição solar sem cuidado, antes quando eu era adolescente pela vida na fazenda e depois pela falta de proteção ao ir à praia, por exemplo. Hoje não saio de casa sem camiseta de proteção, boné e muito protetor solar fator 100, que é indicado para o meu caso”, conta.
Segundo a médica dermatologista Dayana Tomio, membro da Associação Brusquense de Medicina – ABM, a radiação ultravioleta que penetra na pele quando tomamos sol tem um efeito cumulativo. Portanto, a exposição solar crônica sem proteção ao longo da vida pode causar câncer de pele. “O câncer de pele pode ser não melanoma e melanoma. O não melanoma é o tumor mais frequente no Brasil e o menos agressivo. Já o melanoma é mais agressivo, pois tem possibilidade de metástase, ou seja, de se espalhar para outras partes do corpo. As queimaduras solares na infância são fatores de risco para o melanoma, por isso a proteção tem que ser feita desde cedo”, enfatiza a médica. “Vou comentar com vocês a regra ABCDE que auxilia na identificação de lesões que podem ser malignas. O A é de Assimetria, ou seja, um lado da lesão não é igual ao outro; o B é de Bordas Irregulares; o C é de Cor, pois é sinal de alerta também quando a lesão tem dois ou mais tons ou até é preta; o D é de Diâmetro, quando a lesão tem mais de 6mm e o E, de Evolução, que é uma lesão que está mudando ao longo do tempo”, completa.
SINAIS DE ALERTA
De acordo com a dermatologista, é importante ficar atento às características das lesões citadas acima, mas elas só podem ser diagnosticadas por um especialista. Desta maneira, procurar um dermatologista é fundamental quando notar uma lesão na pele com uma aparência elevada, brilhante, avermelhada, castanha ou mesmo com múltiplas cores, que tem uma descamação, uma casquinha que sangra facilmente, pode ser algo suspeito e precisa ser investigado. Além disso, uma pinta preta, castanha, que mudou a sua cor ao longo do tempo, que está com uma textura diferente, com as bordas irregulares, aumentou de tamanho, também precisa de atenção, bem como uma mancha, uma ferida que não cicatriza, que está continuando a crescer, que coça, que pode ter uma casca e sangra.
Conforme um estudo apresentado pelo Instituto Nacional do Câncer – INCA em 2023, eram esperados 704 mil novos casos de câncer no Brasil para cada ano do triênio 2023-2025, com destaque para as regiões Sudeste e Sul, que concentram cerca de 70% da incidência. Portanto, campanhas como as que são realizadas neste mês, durante o Dezembro Laranja, reforçam a necessidade de prevenção.
A dermatologista reforça que, “o quanto antes ele – o câncer de pele – for diagnosticado e tratado, maiores são as chances de cura. Normalmente, o tratamento envolve cirurgia com realização de biópsia”.
PREVENÇÃO – ADULTOS E CRIANÇAS
Com a chegada das altas temperaturas e o verão, temos uma maior exposição solar e devemos prevenir o câncer de pele através da adoção de algumas medidas como, por exemplo, o uso do protetor solar. Esse protetor deve ser de amplo espectro, ou seja, proteger contra as radiações do tipo UVA e UVB e ter um FPS de, no mínimo, fator 30. É importante aplicá-lo também nos dias nublados e quando estiver exposto ao sol, reaplicar a cada duas horas ou após um tempo prolongado na água. A dermatologista Dayana Tomio lembra que, “a proteção solar não envolve somente o uso do filtro solar. Devemos evitar a exposição ao sol no horário das 10 às 16 horas e também procurar barreiras físicas como tendas, guarda-sóis, fazer uso de chapéus de abas largas, bonés, também óculos com filtro UV, além de roupas que possuem um tecido com filtro UV”.
Porém, quando acontece o descuido e a queimadura já ocorreu, a dermatologista orienta que se a pele ficou mais vermelha, dolorida e com ardência, o ideal é o uso de compressas e banhos mais frios, não esquecendo da hidratação e ingestão de bastante líquido e, se necessário, também pode ser utilizado analgésicos, por exemplo, paracetamol. “Além disso, o uso de loções calmantes, os pós-sol, que na maioria dos casos auxiliam nessa queimadura mais superficial. Porém, se houver formação de bolhas, é preciso ter cuidado para que não ocorra uma infecção da pele, neste caso é necessária uma consulta com um dermatologista, para que a queimadura seja avaliada e seja vista a necessidade do uso de medicações adicionais como antibióticos”, alerta.
Outro cuidado fundamental, segundo a dermatologista, é com as crianças. “Todas as crianças, a partir de 6 meses de idade, devem fazer uso de filtro solar. Crianças com menos de 6 meses não devem ficar expostas ao sol ao ponto de precisarem usar filtro solar. A partir desta idade, temos disponíveis filtros solares infantis, não esquecendo da importância do uso das barreiras físicas, como chapéus, bonés e aquelas roupas que têm o tecido com proteção UV”, frisa a médica.