Análise mostra que sementes recebidas por brasileiros contêm pragas que não existem no país

30 de novembro de 2020
Postado por: Alexandre

Uma amostra continha a espécie Myosoton aquaticum, praga ausente no Brasil

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) analisou, até o momento, 36 amostras de pacotes de sementes não solicitadas que chegaram via Correios na casa dos brasileiros e foram encaminhadas ao Mapa. No total, 47% das amostras já analisadas indicam que parte das amostras contem a presença de mais de uma praga em seu conteúdo – apresentando risco fitossanitário ao país.

Após avaliação de risco fitossanitário, realizada pela área técnica do Departamento de Sanidade Vegetal e Insumos Agrícolas do Mapa, foi identificado que uma amostra continha a espécie Myosoton aquaticum, praga ausente no Brasil e com potencial para ser considerada quarentenária, ou seja, com risco de estabelecimento no país e de causar danos fitossanitários. Essa espécie apresenta resistência a herbicidas, o que torna seu controle difícil. A introdução dessa planta daninha no país pode ter impacto econômico negativo.

Em quatro amostras foram identificadas uma espécie quarentenária ausente – Descurainia sophia – considerada como planta daninha nos Estados Unidos e Canadá, além de planta invasora no México, Japão, Coreia, Chile e Austrália. Já a Myosoton aquaticum é considerada daninha nos campos de trigo da China.

Outras 15 amostras continham gêneros que tem espécies quarentenárias ou espécies com potencial quarentenário, como sementes de Cuscuta; de Brassica; de Chenopodium; de Amaranthus; e dos fungos Cladosporium; Alternaria; Fusarium; e Bipolaris.

“Após análises laboratoriais, pode-se avaliar que a introdução de material propagação (sementes ou mudas), mesmo em pequenas quantidades, sem atender aos requisitos fitossanitários e de qualidade estabelecidos pelo Mapa, coloca em risco a agricultura brasileira”, ressalta o diretor do Departamento de Sanidade Vegetal e Insumos Agrícolas, Carlos Goulart. As análises foram realizadas pelo Laboratório Federal de Defesa Agropecuária em Goiás (LFDA-GO), referência em sanidade vegetal.

CASOS EM SANTA CATARINA

Em setembro, a Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc) alertou à população de Santa Catarina, especialmente produtores rurais, sobre pacotes de sementes recebidas pelos correios e provenientes, possivelmente, da China. “Estas sementes, não solicitadas, estão sendo endereçadas a cidadãos comuns, em pequenos pacotes atrelados à compra realizada, como se fossem um brinde. Em alguns casos, até mesmo pessoas que não tenham solicitado qualquer mercadoria daquele País recebem estas embalagens. O conteúdo destes pacotes são sementes de diferentes espécies vegetais não identificadas”, alerta a Cidasc.

O primeiro caso de recebimento deste tipo de embalagem no estado de Santa Catarina foi registrado em Jaraguá do Sul. A orientação da Cidasc é para que, caso o cidadão não tenha feito nenhuma compra, mas tenha recebido um pacote suspeito não abra, não semeie e não jogue no lixo. “Leve-o até um escritório da Cidasc ou do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA, mais próximo para que sejam recolhidas. Também está disponível para contato os telefones 0800-644-6510 ou (48) 3665 7300 (WhatsApp), do Departamento Estadual de Defesa Sanitária Vegetal do estado, onde a pessoa poderá solicitar orientações adequadas”, solicita a Cidasc.

Categoria: Geral
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